Esta página contém registros importantes sobre o meu trablho como professora de Língua Portuguesa da Escola Machado de Assis, Igrejinha -RS. Estas postagens servem como relatórios das atividades propostas pelo curso Gestar II, oferecido a toda rede, sendo este ministrado pelo também professor Cassiano Haag.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

TP 1- Retrato de velho - Carlos Drummond de Andrade


Inicialmente, não podeia deixar de dizer que este é, sem dúvida, o meu autor preferido.
O trabalho a partir desta crônica foi elaborado da seguinte forma:
1º Questionei os alunos sobre como eles se relacionam comk os avós. Queria que relatassem sobre os momentos de discussão, em relação às divergências de ideias.

2º Entereguei-lhes uma cópia do texto para que realizassem a leitura;

Retrato de velho

Tem horror a criança. Solenemente,
faz queixa do bisneto, que lhe sumiu com a palha de cigarro, para vingar-se de seus ralhos intempestivos. Menino é bicho ruim, comenta. Ao chegar a avô, era terno e até meloso, mas a idade o torna coriáceo.
No trocar de roupa, atira no chão as peças usadas. Alguém as recolhe à cesta, para
lavar. Ele suspeita que pretendem subtraí-las, vai à cesta, vasculha,
retira o que é seu, lava-o, passa- o. Mal, naturalmente.
– Da próxima vez que ele vier, diz a nora, terei de fechar o registro, para evitar que ele desperdice água.
Espanta-se com os direitos concedidos às empregadas. Onde já se viu? Isso aqui é o
paraíso das criadas. A patroa acorda cedo para despertar a cozinheira. Ele se levanta
mais cedo ainda, e vai acordar a dona de casa:
– Acorda, sua mandriona, o dia já clareou!
As empregadas reagem contra a tirania, despedem-se. E sem empregadas, sua presença
ainda é mais terrível.
As netas adolescentes recebem amigos. Um deles, o pintor, foi acometido de mal
súbito e teve de deitar-se na cama de uma das garotas. Indignação: Que pouca-vergonha
é essa? Esse bandalho aí conspurcando o leito de uma virgem? Ou quem sabe se nem é
mais virgem?
– Vovô, o senhor é um monstro!
E é um custo impedir que ele escaramuce o doente para fora de casa.
senhor deixa?
– Não vão sozinhas, vão com os rapazes.
– Pior ainda! Muito pior! A obrigação dos pais é acompanhar as filhas a tudo
quanto é festa.
– Papai, a gente nem pode entrar lá com as meninas. É coisa de brotos.
– É, não é? Pois me dá depressa o chapéu para eu ir lá dizer poucas e boas!
Não se sabe o que fazer dele. Que fim se pode dar a velhos implicantes? O jeito é
guardá-lo por três meses e deixá-lo ir para outra casa, brigado. Mais três meses, e nova mudança, nas mesmas condições. O velho é duro:
– Vocês me deixam esbodegado, vocês são insuportáveis! – queixa-se ao sair.
Mas volta.
– Descobri que paciência é uma forma de amor – diz-me uma das
filhas, sorrindo.

ANDRADE, Carlos Drummond de. Retrato de velho. In A bolsa & a vida. Rio de Janeiro, 1962. p. 207-209.


3º Comentamos o texto;
4º Passei algumas questões de interpretação e também a função gramatical de alguns elementos;

5º Avançando na prática: realizei a atividade descrita, porém com a seguinte alteração: pedi que todos os alun os apresentassem.

"Uma boa atividade para propor a seus alunos é fazer a leitura dramática dessa
crônica, depois de estudada. Descobrir os vários tons usados pelas personagens,
ensaiar em voz alta cada papel não só é motivador como também é uma das melhores
formas para se perceber a importância e as características formais do discurso direto,
que é a forma escolhida pelo narrador para apresentar a fala ou o pensamento das
personagens.
Você pode trabalhar essa leitura conforme os seguintes passos:
1. Depois do estudo do texto, divida a sala em grupos, para que ensaiem a leitura
dramatizada. Eles devem fazer a distribuição de papéis, incluindo o narrador, e
pensando até no tipo de voz e no sexo das personagens.
2. Dê um bom tempo para leitura e releitura (sempre em voz alta) , uma vez que
muito raramente o acerto será de primeira. Todo o grupo opina sobre o tom, o ritmo
mais adequados.
3. Considerados já em condições de fazer a leitura, sorteie o grupo que vai
apresentar-se. Os demais ficam como avaliadores.
4. Os alunos que apresentarem críticas deverão sugerir uma leitura mais adequada,
e eles passarão a ser julgados nesse momento.
5. Não deixe também de fazer sua avaliação, depois da deles.
6. Se quiserem, poderão fazer uma última leitura, agora misturando os vários
grupos."

4 comentários:

Unknown disse...

que tipo narrado aparece nessa cronicae emquepessoa a narrativa se constroi?

Saulo Vinicius disse...

como dramatizar retrato de velho?

Marcos Eduardo disse...

Esse texto é muito bom,sou do 8ºano e minha professora de português deu esse texto pra minha sala pra fazermos um Teatro eu vou ser o Velho rabugento kkkkkkk

Leo La Selva disse...

Natália,
tenha mais cuidado com a publicação dos textos. Verificar a fonte é sempre importante; não sei se foi proposital ou não a retirada do trecho inicial, mas segue:
Aos 85 anos, goza de saúde brônzea e quer trabalhar, mas trabalho que dê dinheiro, não essa milonga de mover os braços por desfastio. Deseja manter-se independente, estão ouvindo? O diabo é que não arranja serviço, e tem de viver em casa dos filhos – três, em três lugares distintos. No sítio de Maracangalha, o genro entra em pânico à sua chegada: o velho está sempre bulindo nas plantas, dando ordens, contrariando instruções do dono.
A filha de Niterói, ciente das complicações, adverte-o:
- Por que o senhor não vai plantar em terreno ainda não cultivado? O sítio lá tem cinco alqueires, pois então escolha o mais distante e faça a sua horta nele.
- Planto onde eu quiser. Não faltava mais nada! Um homem como eu, já idoso...
E cisma de ganhar dinheiro na cidade, podando árvore de rua.
- Arranjo uma tesoura grande e saio por aí caçando serviço. Estou novo ainda, sabe? E a prefeitura está carecendo de gente disposta.
Não arranja nada, e a prefeitura não lhe sente a falta. Vai para Vitória, em casa do terceiro filho, e pensa em adquirir um rebolo para amolar facas, com que atenda às necessidades do bairro.
Ponderam-lhe:
- Eu, se fosse o senhor, fazia um orquidário. É tão lindo, distrai tanto. E depois, há espécies fabulosas, que rendem um colosso.
- É? Leva vinte anos para dar uma parasita que preste, não tenho lucro nenhum. Ora-e-essa!